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Augusto Cassiá fecha com Ole Miss!

  • Foto do escritor: Arthur Salazar
    Arthur Salazar
  • 28 de abr.
  • 7 min de leitura

Augusto Cassiá nasceu em Salvador, jogou em Recife, passou por Bauru; Paulistano; Corinthians, foi pra NBA Academy LatAm e Global, e tava em Butler no ano passado. No meio disso tudo, ele teve lesões no último ano antes do universitário e antes das duas temporadas no College começarem. Aliás, ele também ganhou o Sul-Americano com a Seleção, mas a pandemia tirou a chance dele jogar a Copa América e Mundial.


Mesmo assim, e muito longe de casa, ele nunca deixou de ser o tapa-buracos mais dedicado possível. Defende o melhor jogador do outro time, com a mesma intensidade que corre pra rebotes; bate bloqueios e abraça o jogo sujo.


Desse jeito, ele chamou o interesse das melhores faculdades dos Estados Unidos e escolheu jogar por Ole Miss a partir da próxima temporada. Se junta a Eduardo Klafke, e vai ter a chance de se provar de novo entre os melhores.


Gutto é uma máquina, um verdadeiro tanque em quadra. Não é surpresa ver ele dominando fisicamente quando joga como grande menor, ou quando é um ala físico. Na última temporada, permitiu só trinta e três por cento de aproveitamento adversário, e matou pra mais de três quartos de tudo que tentou de dois pontos.


O brasileiro deve ter espaço muito relevante na rotação dos Rebels, e com chance de protagonizar no garrafão de um time top vinte e cinco do basquete universitário estadunidense.


Quem é Augusto Cassiá? Como você chegou no College?

"Augusto é um cara de Salvador, que começou a jogar basquete um pouco tarde, mas mesmo assim, por conta de sua perseverança, conseguiu chegar onde chegou e ainda tem muito pela frente.

Comecei a jogar numa escolinha em Salvado e joguei um pelo meu colégio, o Salesiano. Acabei jogando um torneio escolar contra o Salesiano de Recife, e o técnico desse Salesiano, o Bolinho, era também treinador do Recife Esporte Clube Basquete. Acabei jogando pelo Recife, em um torneio em Novo Hamburgo, e de lá para frente joguei pelo Bauru; Paulistano; Corinthians. Jogando por esses clubes, acabei sendo chamado para o BWB, e foi quando cheguei na NBA Academy. Joguei com o Walter Roese por um tempo (NBA Academy LatAm), depois fui para a Austrália (NBA Academy Global), e daí consegui ir para a universidade."


⁠⁠Quem é sua maior referência em quadra e fora de quadra?

"Minha maior referência fora de quadra é com certeza minha mãe. Uma mulher de caráter impecável, que me inspira todo dia. Ligo para ela todo dia. Inclusive, estou indo para casa agora no começo de maio, é a primeira vez que vou para casa em dois anos, então estou com muitas saudades. Em quadra, eu não tenho uma referência só. Gosto de vários jogadores, meus próprios companheiros de time e ex-companheiros. Em todo lugar que você joga, você aprende um pouco de cada um, e acaba se tornando quem você é. Um pouquinho daqui, um pouquinho de lá, e você monta seu quebra-cabeça e vira o que é."


"Fiz uma temporada e meia, quase duas, em Butler. A primeira temporada é sempre difícil quando você é calouro, principalmente sendo um jogador estrangeiro que não está sendo “hypado”. Você não tem nome, ninguém te conhece, tem que ficar se provando dia sim e dia também que você não é brincadeira. Então, eu realmente não joguei muito. Aqui, os titulares acabam jogando muito, e fica difícil rotacional e jogar. Já na minha segunda temporada, foi diferente. Comecei os jogos como titular de pivô, jogando de “small-ball five”. Foram dez jogos, mas infelizmente tive uma lesão, que demorou muito para eu recuperar e acabei pedindo espaço do time para poder me cuidar não só fisicamente, como também mentalmente. Logo depois, entrei no portal de transferências."


Qual foi a maior dificuldade na jornada? Em que momento se sentiu mais confortável?

"No meu último ano de High School, tive uma lesão que me prejudicou no campo das ofertas, e m fez ir para a Austrália, um lugar muito longe de casa, para eu me recuperar. Em meio a isso, eu via muito “Procurando Nemo” e só tinha a frase “continue a nadar” na cabeça. Não importava o que acontecia, eu só continuava a nadar. Segui as instruções, fiz o que tinha que fazer e me recuperei. É muito difícil você ir sozinho para um país longe, ainda mais para ter que se recuperar de uma lesão. Na época, eu só queria continuar a nadar, mas hoje, olhando para trás, tem que querer bastante para superar isso. E quando cheguei aqui, eu só botava na minha cabeça que eu tinha passado por isso tudo e ia matar em quadra. Eu realmente estava bem no meu primeiro verão, jogando de Power Forward, fazendo de tudo mesmo. E aí, uma semana antes da temporada começar, eu tive outra lesão. Quase rompi o adutor no meio do treino. Aí me tiraram da rotação do time, e eu joguei pouquíssimo. Eu saí do Brasil; do México; da Austrália, e eu raramente não era titular. Eu jogava bastante. Tive outra lesão na segunda temporada, e infelizmente isso acontece. Tem coisas que você não pode controlar. Você tem que ser mentalmente forte, por mais difícil que isso seja. Não é fácil sair de lesão; para lesão; para lesão… Mas se você perseverar, orar e ser forte, no final dá certo. A parte mais confortável em quadra no College foi na defesa, eu sempre fui bom defensor. Defender nem é questão de ser bom ou ruim, é questão de você ser “tough”; esforçado e dedicado. Você tem que querer! Você pode ser talentoso, ter todas as ferramentas necessárias, mas se você não quiser, não dá certo. Depois das lesões, de tudo, eu adaptei meu jogo da água para o vinho completamente para atender às necessidades do time. Então, eu me senti confortável defendendo. Sempre tive bom corpo, o que ajuda bastante, mas eu sempre gostei de defender e ganhar. Se você não defender, você não ganha jogo. Mesmo jogando contra os mais experientes, acabei entendendo legal, e foi com certeza a parte mais confortável."


Por que Ole Miss? O que te fez escolher jogar pelos Rebels? Está ansioso pra jogar com o Du?

"É uma resposta fácil! Se Ole Miss chega para ti e fala que quer você trabalhando com eles, você diria não? Eu poderia ter ido para outros lugares, mas o Coach Beard foi técnico do ano nessa temporada; eles jogam de uma maneira que eu me encaixo; o Eduardo está lá e o pai dele jogou com meu tio; eles fizeram uma última temporada magnífica… Às vezes, você tem que só ir mesmo! Quando essa oportunidade apareceu, eu falei com a minha família e meu mentor, e bora pra cima! O clima é bom, a cidade é boa. Já tem um brasileiro lá, eu não vou estar sozinho. Tem tudo lá, então vamos pra cima! E ainda por cima é a cor do Bahia: azul, vermelho e branco!


Você esteve com Gui Santos; Márcio Santos; Daniel Onwenu e vários outros craques na seleção 2002, você sonha em estar na Seleção Principal?

"Com certeza! Há muito tempo que eu não falo português pessoalmente, já são dois anos que eu só falo pelo telefone com meu pai e minha mãe, e como tenho muita coisa para fazer, não consigo ligar todo dia para eles. Dois brasileiros juntos, dá para fazer história! Não sei nem se isso aconteceu no passado, uma dupla de brasileiros juntos em uma Power 5. Vai ser muito brabo! Não vejo a hora de chegar lá. Toda hora a gente está mandando mensagem um para o outro, para saber como que as coisas estão, que dia a gente vai chegar juntos. Vamos morar perto também, então vai ser uma maravilha. Já é bom, quando você fala que é Ole Miss, com o Eduardo é a cereja no topo do bolo!"


⁠⁠Qual é seu maior sonho?

"Quando comecei a jogar basquete, meu sonho não era NBA ou NCAA, nada disso. Meu sonho era jogar pela Seleção Brasileira. Sempre foi meu sonho! Eu consegui jogar pela Seleção Sub-17, e eu estava satisfeito, sendo bem sincero. Sendo brasileiro, sendo de Salvador, não é que eu não queria ir para a NBA ou para a Seleção, mas é muito distante da realidade. Sobre a NBA, parece que a gente está sonhando com outro planeta. Infelizmente, quando joguei pela Seleção Sub-17 teve a paralisação durante a pandemi e não deram continuidade para essa geração que é muito talentosa. Mas, faz parte e com certeza quero jogar pela Seleção Adulta, e tomara que nessa GloblJam me chamem. Até porque, jogar pela Seleção é uma sensação muito única, e eu nem sei muito se tenho palavras para explicar como é jogar pelo seu país. Quando você está com seus companheiros, quando você ganha, você sente que está no topo do mundo! É a melhor sensação do mundo. Se Deus quiser, nesse verão estarei lá passando por isso várias vezes."


Onde você se imagina em cinco anos?

"Como falei, meu maior sonho é jogar pela Seleção Brasileira. Mas agora, que a gente vê que é possível chegar em outros lugares, com certeza sonho em chegar na NBA. É a melhor liga do mundo e eu quero estar entre os melhores. Eu me imagino com vinte e oito anos, daqui a cinco anos, jogando basquete profissionalmente onde quer que seja: NBA; Europa; Austrália… E sendo feliz! Seguindo o sonho de jogar profissionalmente, ajudando minha família no Brasil. Ser um cara estruturado financeiramente. Quero ter uma carreira que me faça realizado. Ser feliz jogando basquete é o sonho! Porque a sua felicidade é muito importante. Não é só sacrifício o tempo todo, às vezes você tem que só se sentir feliz com o que conquistou. Quero daqui a cinco anos saber que isso aqui valeu a pena e que eu faria tudo de novo! Um dia desses, eu estava conversando com uns amigos e falando sobre isso de viver tudo de novo. Muita gente disse que não, e que mudaria isso ou aquilo. Mas eu não mudaria absolutamente nada! Tudo que aconteceu me fez quem sou hoje, e sou muito feliz em quem eu sou! Sou muito contente com o que me tornei como pessoa, mas profissionalmente não. Tenho muita coisa a fazer ainda, muita coisa para conquistar. Mas essa jornada está sendo muito linda, tem muita coisa para fazer, mas isso tudo é brincadeira, vale muito a pena! Aprendi a falar outras línguas, conheci novas culturas, tenho amigos na África; Austrália; Europa. O tanto de gente que conheci, lugares que conheci. Apesar de todas as pedras no caminho, tem sido um sonho virando realidade."

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Falo de basquete, de base; masculino e feminino; do Brasil; da Europa; da NBA.

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