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Uma conversa com Mãozinha.

  • Foto do escritor: Arthur Salazar
    Arthur Salazar
  • 6 de abr.
  • 4 min de leitura

Conversei com Mãozinha sobre tudo. Se você não viu, uns dias atrás ele estreou pelo Nacional do Uruguai, depois de mais uma temporada nos Memphis Hustle. Aliás, essa notícia do brasileiro na G-League, você leu aqui. Antes disso, ele esteve com a Seleção Brasileira em Paris e na pré-temporada dos Memphis Grizzlies na NBA. Então, obviamente, por que o Nacional? O que foi a experiência em Memphis? É verdade que pode pintar no NBB? Qual é a meta com a Seleção? Pra sua sorte, e como eu disse logo de cara, conversei com Mãozinha sobre tudo. Abaixo, as respostas do jogador mais plástico do nosso basquete.


Dos jogos olímpicos, pra pré-temporada com os Grizzlies, pra efetivação no Memphis Hustle, o que você absorveu de tantas experiências antes mesmo de pisar em quadra na G-League?

“Foi uma loucura mesmo. Eu passei por muita coisa em pouco tempo e, apesar de rápido, eu tentei aproveitar e aprender o máximo que podia. Em cada uma dessas etapas, eu tinha funções diferentes em cada time e me adaptar de forma rápida foi fundamental para aproveitar ao máximo cada oportunidade.”


Em Paris, Mãozinha foi responsável pela maior enterrada dos jogos olímpicos, uma cravada em cima de Rudy Gobert. Estreante na competição, o ala-pivô brasileiro esteve como peça de rotação para Aleksandar Petrović. Na preparação dos Memphis Grizzlies, ele ganhou chance ao lado de Ja Morant e outras estrelas, depois de uma temporada impactante na G-League em 2023–24.


Como era o vestiário dos Grizzlies na pré-temporada?

“O vestiário tinha uma energia muito boa, o time estava saudável de novo e as expectativas estavam altas para o início da temporada, foi muito bom ter vivido esse momento. Em relação à minha amizade com o Yuki, acredito que somos muito parecidos e por isso foi muito fácil e natural. Gosto bastante da cultura japonesa e ele acabou se apaixonando pela comida e cultura brasileira também, e até aprendeu a falar algumas palavras em português.”


Yuki Kawamura foi uma das maiores sensações dos jogos olímpicos, com estilo de jogo dinâmico e dominante apesar da baixa estatura. Mãozinha foi responsável por finalizar quase 10% das assistências do japonês na G-League. A dupla jogou junto o jogo das estrelas da competição, o NBA G League Up Next Game, com Yuki sendo o mais votado e Mãozinha o sétimo.


Pelo Hustle, você teve um salto de volume na bola de três pontos e uma mudança considerável no estilo de jogo. Segundo a Synergy, 30.6% das suas posses foram em Spot-Up e só 10.1% como o bloqueio no P&R. Te agrada essa mudança para um jogo mais perimetral? Como foi a adaptação?

“Eu realmente joguei de uma maneira muito diferente que jogava antes e foi bem desafiador, mas de maneira positiva. Uma coisa que busco a cada ano é sempre desenvolver e melhorar partes do meu jogo e acredito que esse ano foi mais um reflexo disso. Nesse sistema de jogo não tinha um “cincão” e sim todos jogavam mais abertos. Por ser minha primeira temporada jogando desse jeito, acabou que não foi tão produtivo, mas isso faz parte do crescimento e desenvolvimento de todo atleta.”


A questão posicional de Mãozinha sempre existiu. Muito mais rápido e móvel que grandes tradicionais, mas bem menor e dependente da sua verticalidade em salto. No olhar da comissão técnica do Hustle, o brasileiro cabe como jogador além do garrafão, e a expansão pra a linha de três já é real. Como ele mesmo disse, é um processo, que bem feito tende a coloca-ló em outro patamar de versatilidade e impacto.


Em Belém, você teve o jogo perfeito de 18 pontos e 15 rebotes em só 20 minutos, e pra muitos teve a primeira atuação como protagonista na amarelinha. Como você enxerga o ciclo de LA28? Já se sente preparado pra dar um salto de responsabilidade?

“É difícil dizer. O basquete, principalmente a Seleção Brasileira, que está crescendo muito nesses últimos anos, é muito difícil de prever. Não sei quais atletas e quais papéis a Seleção vai precisar para a próxima Olimpíada, mas após ter tido essa experiência em Paris, quero e vou me dedicar ao máximo para fazer parte desse time em 2028. Por um lado, três anos é muito tempo, mas, ao mesmo tempo, passa rápido demais. Então, vou aproveitar ao máximo esse tempo que tenho.”


O fato é que a atuação nas eliminatórias da AmeriCup mudou a posição de Mãozinha na Seleção. Em 2028, ele terá 28 anos e fará parte do grupo de protagonistas no auge pra Los Angeles, ao lado de Bruno Caboclo; Yago e Georginho.


Por que você escolheu o Nacional como caminho? Existe chance de você estar em Belo Horizonte para os playoffs daqui? Quais são os planos para 2025–26, pensando em NBA, Europa ou ligas domésticas? “No momento, estou focado aqui, pois esse é o compromisso atual. Se der tempo, seria algo que vou pensar e me comprometer após o fim da experiência aqui. Vim para cá, pois ouvi muitas coisas boas sobre o basquete daqui e eu também teria um papel muito diferente do que tinha na G-League. Está sendo muito bom o desafio de me adaptar e corresponder às expectativas de ser um estrangeiro. Em relação aos meus planos, tudo muda tão rápido que é difícil dizer. Mas sempre estou disposto a ouvir e manter as portas abertas.”


A escolha pelo Nacional é diferente, mas segue a lógica do plano de carreira de atletas da G-League. Mãozinha ganha chance de jogar com responsabilidades de protagonista, e expor capacidade além do que seu papel mais reduzido em Memphis. Soma-se isso à chance de garantir mais estabilidade financeira e manter-se em atividade antes da AmeriCup que acontece em agosto.

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Falo de basquete, de base; masculino e feminino; do Brasil; da Europa; da NBA.

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